Bem vindo à zona por mim escolhida para escrever o que me vai na cabeça..

...ou que, na maior parte das vezes, finjo que vai, porque fica sempre bonito fingir que se sente, como o poeta.

PS


sábado, 20 de março de 2010

Milagre da Lágrima

Ora vamos lá então falar de uma notícia já antiguinha mas que me faz comichão (naquela zona das costas onde ninguém chega) desde que a li pela primeira vez.
Pode ser que deixe de fazer a seguir ao último ponto final deste texto…
Muito bem, diz a tal notícia que a dona Benigna, residente em Ancas, Anadia, em Portugal, fervorosa católica e feliz proprietária de uma nossa senhora em tamanho familiar, jura a pés juntos que a figura em loiça chorou uma lágrima de cera.
Esta parte, só por si, já é gira, mas leiam agora esta transcrição com olhos de olhar de lado enquanto se levanta uma sobrancelha:
“"Eram umas 19 horas e eu ia a sair de casa para o carro. Virei-me para ela (a imagem), benzi-me e vi que ela estava a chorar. Disse ao meu marido mas ele não ligou e, quando voltei, uns quinze minutos mais tarde, limpei-lhe a cara e não saiu nada, mas a minha nora tocou-lhe com o dedo e disse que era cera", relata, depressa concluindo: "É um grande milagre para entrar em contacto com as pessoas".”
Mais nada! Sai de casa, benze-se, olha, está a chorar, diz ao marido (que ignora), volta, limpa mas não sai, ora bolas… é só cera… e agora? Adivinharam…
Milagre!
Esta linha de raciocínio faz lembrar a forma como o grande MacGyver fazia, nos anos 90, uma bomba nuclear, partindo somente de uma torta de laranja, um canivete, um corta-unhas e umas cuecas fio dental da rapariga que o acompanhava.
Obviamente, muita gente terá ido de propósito a Ancas só para ver o milagre da lágrima, segundo diz a querida e verosímil dona da figura.
"Tem vindo mesmo muita gente, só hoje foram centenas…”
E foram mesmo… todos ver a santinha chorona e vangloriar a dona Benigna, por ter presenciado tamanho acontecimento na sua própria casa, não olvidando, certamente, a notinha lá nos pés dela (da santa, e não da dona Benigna, que essa não quer o dinheiro para nada). Todos sabemos que, se há coisa de que os santos em loiça precisam, é de notinhas nos pés… para os aquecerem.
Principalmente os chorões, que desidratam facilmente, o que se repercute na má circulação e consequente frio nas extremidades.
Uma coisa é certa: num caso destes, alguém se tem de vangloriar… ou a senhora em questão, ou o gajo que inventou as velas de cera.

sexta-feira, 19 de março de 2010

“Já escreveste sobre mim?”

Não.
Escrevo quando dói ou já doeu, quando me incomoda ou já incomodou, ou quando me passa ao lado após ter esbarrado de frente.
Não me incomodas, não me dóis, não esbarro contigo e, definitivamente, não me passas ao lado.
Até agora só me deste razões para não escrever para além do tema de não escrever sobre ti.
E assim noto que afinal já escrevi (pela 1ª vez) sem me coçar.
Admito que nem foi mau de todo :)
Beijoca*

quinta-feira, 11 de março de 2010

Azares

Há cerca de vários anos (eu sei), estava eu de férias, numa santa terriola, quando me lembro de pregar uns chutos numas pedras à medida que ia passeando pela natureza, perto de um galinheiro.
Ora, a certa altura, para meu grande azar, o meu pé vai mesmo apontar-se ao pescoço de uma pobre e inocente galinha. A pedra acertou-lhe, fazendo um barulho oco, e caiu morto, o galináceo, sem grande estardalhaço.
Engoli em seco.
Matei um animal maior que um insecto. Não é todos os dias… E não gostei da sensação. Ok… tenta esquecer… são coisas que acontecem.
Regressei a casa, estupidamente com fome, parti uma fatia de bolo e servi-me dela enquanto via o telejornal:

“…mais mil baixas confirmadas na guerra do Iraque. Agora, o desporto…”

Era bom, aquele bolo.
Fez-me ganhar o dia.

sábado, 6 de março de 2010

Fazes-me pensar

Não por seres diferente das outras, mas por seres apenas mais uma no meio de tantas.
Afinal enganei-me… Outrora imaginei que fosses feita à minha medida, e foste a única que me fez ponderar tal rasgo de fé.
Mantiveste-me a sonhar durante uns bons tempos, dentro dessa vontade de querer ver mais, mas nunca tudo, que tanto crias. Enganas, tu…
Mas hoje já não, graças aos olhos que me fizeste nascer. Hoje vejo-te, trespasso-te, leio-te como que a um livro aberto - tem menos piada, mas sorrio mais - e tu só me referes que estou diferente. Pudera… foste tu que me fizeste crescer, e nem sabes. Também não to digo… é o meu trunfo, só meu.
O teu discurso não muda… “não sei, gosto de ti, mas não sei”.
Não te preocupes, sei eu.
Sei que não te quero.
Sei que és mais uma das que não sabem o que querem, - e que não me fazem ter esperança de um dia virem a saber - sem se aperceberem de que atropelam muita gente nessa estrada de falta de vontade e de viver. Mas eu já tive a minha conta, e aprendi a ir pela berma, quando passeio contigo.
“Tenta perceber… estou melhor assim”.
Não.
Não estás.
Eu sei.
Estás menos mal, que é diferente.
Agora, limitas-te a tentar evitar o que não queres, e já nem pensas no que queres, ou se realmente chegas a querer.
Como tu, já vieram algumas, e o que te diferencia é somente a ideia que tenho de ti, criada quando ainda não era eu.
Irónico, não? Sou eu que te diferencio, e não tu, por ti.
“Não sei…”
Não faz mal.
Sei eu.
E nem isso sabes.

terça-feira, 2 de março de 2010

Pois muito bem

Hoje apercebi-me (e já não foi pela primeira vez) de que cada vez me espanto menos ao ver erros ortográficos ou gramaticais em documentos/artigos formais. Ora, isto é mau… E suponho que ainda venha a piorar.
Talvez tal problema se possa resolver mudando as regras da língua portuguesa, convertendo erros comuns em leis universais de escrita, evitando assim o incómodo dos cultos e preocupados cidadãos que pontapeiam as (des)actuais em cada linha de "texto" que deixam escapar.
Ah, espera... isso já andam a tentar fazer.
Acordem.