Bem vindo à zona por mim escolhida para escrever o que me vai na cabeça..

...ou que, na maior parte das vezes, finjo que vai, porque fica sempre bonito fingir que se sente, como o poeta.

PS


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Em tom de segredo...

Refugio-me muito na racionalidade.
A sério.
Nada parece digno de sentimentos negativos quando visto como um todo e excluindo pontos de vista.
Sempre fiz o possível por pensar muito sobre muito, e tenho-me apercebido de que isso me tira o gozo do carpe dien. Conclusão óbvia… dirias tu, mas não penso que assim seja, ou pelo menos que assim tanto seja.
Sentimentos de alegria, posse, perda, amor, ódio, orgulho, arrependimento, ou de qualquer outro tipo tendem para desaparecer quando pensamos na situação como consequência de algo que nos não nos tenha sido inerente, ou até mesmo que tenha, mas, no 2º caso, rapidamente se percebe que o que sentimos não irá alterar a realidade. E é então que a racionalidade toma conta, e os sentimentos se tornam lógicos, consequências óbvias, desnecessárias, sem objectivo, e assim perdem a razão de ser.
É o que faço quando quero evitar dor, e por vezes vejo-me a não sentir prazer pelo mesmo motivo. Já me é inato, preparei-me para isso, e não é raro o piloto automático tomar controlo sem me pedir sequer.
E, nesse mundo, finjo que me alegro, e que tenho, e que perco, e que amo, e que odeio, e que me orgulho, e que me arrependo como os outros, mas não.
Não como os outros, não com vontade, não sem o plano B tanto à mão que nem chegue a libertar o A.
Mas há alturas em que o piloto se distrai, ou não se alerta por nem eu, aliciado pelos prazeres traiçoeiros do sentir, não querer que o faça, e é aí que sinto como os tantos outros, é aí que não vejo para além dos meus olhos, e que o meu cérebro se limita a receber e a beber, sem filtrar minuciosamente. E é também nessas alturas que me lembro da segura viagem controlada e desinteressantemente relativada, e que me lembro de que a qualquer altura poderei precisar do meu piloto, e que ele poderá não acordar tão rapidamente como irei querer.
É nessas alturas que me vejo enredado por sensações não lógicas, cheias de sentido, tentando voltar ao meu mundo racionalmente desinteressante, onde não sinto, não rio, não choro, não nada, mas que também já não me quer, por o ter traído por demasiado tempo.
Mas acabo sempre por regressar, e por olhar com indiferença para o que outrora me fazia entristecer, e por perder um pouco mais daquilo que me faz humano, como aqueles que se alegram, que têm, que amam, que odeiam, que se orgulham, e que se arrependem, e dos quais só me rio por ausência de pena própria, por não conseguir viver somente do outro lado, por ser forte a analizá-los e a evitar essa debilidade que não consideram sequer evitável, mas fraco ao ponto de usar essa força em demasia, não os querendo perceber. Não a toda a hora.
E é isso.
E mais, que não digo.