Bem vindo à zona por mim escolhida para escrever o que me vai na cabeça..

...ou que, na maior parte das vezes, finjo que vai, porque fica sempre bonito fingir que se sente, como o poeta.

PS


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sabem que mais?

Gosto de gente que me atire à cara que eu não sou assim.
Assim como?
Assim, como eu mostro ser.
Assim, como eu faço questão de mostrar que sou, fora deste meu cantinho das linhas atabalhoadas em fundo escuro, onde escrevo o que penso, que falar é para os fortes.
Por outro lado, há também muita gente que me (des)conhece bem, que eu sei que nunca aqui virá.
Gente que só conhece o lado que lhes mostro à força, que lhes enfio pela garganta abaixo.
O lado que lhes atiro para cima antes de me avaliarem, antes de considerarem fazê-lo ou de eu pensar se o irão fazer sequer.
O meu melhor lado, que chega bem para quem não iria gostar dos outros.
O lado que fui criando ao longo do tempo, juntando clichés com piadas fáceis e sorrisos convenientemente temporizados. O lado que só parece genuíno a quem agrada. O lado que me mantém no sítio se me sair alguma coisa dos outros, quando não deve.
Há muita gente com quem convivo frequentemente, que nunca aqui porá os olhos.
E ainda bem.
Não os quero aqui para nada.
Não quero ver olhos esbugalhados de braço dado com frases começadas por “eu nunca pensei que…”.
Não quero aqui gente que pensasse que “também tenho este lado”.
Há gente que gosto de manter assim, lá fora, a pestanejar nas minhas chuvadas de superficialismo.
Há muita gente, mesmo.
Dei-me até ao trabalho de dar a cara no meu cantinho e de o disponibilizar a todos.
Esconder-me, para quê?
Faço isso no dia-a-dia.
Rego as plantas do meu quintal, elas deliciam-se e nem querem mais.
Às vezes também me farto delas, admito, e arranco-as, para lá pôr qualquer coisa que dê fruto, ou mais erva, para as regar outra vez.
“Eishh, que o gajo agora exagerou.”
Era escusado… Pois era.
Não era?
Não.
Se era, párem por aqui, por favor.
Fiquem lá fora, que a chuva faz bem às couves.