Bem vindo à zona por mim escolhida para escrever o que me vai na cabeça..

...ou que, na maior parte das vezes, finjo que vai, porque fica sempre bonito fingir que se sente, como o poeta.

PS


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Precisamos de falar… não achas?

“Não sei… Precisamos?” Perguntou ela, com olhos de criança inocente, que se quer fazer passar por surpreendida.
“Pois precisamos…”
E precisávamos mesmo.
Eu sentia que não aguentava mais… estavas a sufocar-me com o teu mundo de esperanças e réplicas minhas canonizadas a teu gosto.
És mais uma… que novidade. Atrais-me, crias-me desejo, apetece-me ter mais de ti, mas não tanto como esperavas.
E, como a maioria, não notas que não sou como tu…
“És como eu, pois…eu sinto-o, deixa-me mostrar-to”
Não.
Não sou como tu.
Acredita.
Achas-me simpático, disponível, confiante, algo crítico e tudo o mais, mas nem notas que tudo isso faz parte do meu escudo.
Exacto.
Esse é o meu escudo. O meu escudo é simpático, disponível, confiante, algo crítico e tudo o mais. Eu sou só muito crítico, e tudo o menos, mas não to mostro. Não serviria de nada... Para quê conheceres um ser que não te quer ouvir a toda a hora, que sorri quando se sente negro, que transborda confiança quando tem o coração nas mãos e cujo cérebro processa criticismo à velocidade da luz?
Foi o que pensei…O meu escudo é bem mais atraente do que eu, e é por isso que o uso para me cobrir todos os ângulos. Desculpa se não to posso oferecer… Só para mim ele consegue ser útil, de qualquer forma…
Porquê? Porque sem ele sou mais um aos olhos de todos os outros uns, e não suporto isso.
Simples.
O meu escudo não reage, pondera. Não ouve, escuta. Não olha, vê. E não se envolve… colecciona sentimentos epidérmicos.
Eu? Eu nem chego a ter voto na matéria, quando o uso… para que me serviria ter, de qualquer forma? Se me apaixonasse, não seria recíproco. Preferirias sempre o eu da linha da frente… e não te condeno por isso, afinal sou eu que o crio, a teu gosto, e a gosto de quem me apetece, quando me apetece.
É… As pessoas crescem, e os sentimentos calejam. Talvez se tivesses aparecido mais cedo… bem mais cedo, digo eu.
“Anda tentar, pelo menos, então…”
Não posso.
Tenho noção de que não sentirei… conheço-me, e sei que não estarei bem assim, comigo a querer, e tu a sentires.
Além disso, escuso de te dizer que sentimentos desses não se extinguem com contactos frequentes e consequentes esperanças que vêm sempre por arrastão. E também tu escusas de me dizer que é difícil para ti, porque já o sei.
Sabia-o de cor, até… daí o silêncio naquele momento reservado para o que não queríamos dizer, e termos ficado ali, só a olhar-nos, à espera do próximo…
Mas o próximo não chegava por nada, e deu lugar a dois sorrisos forçados - dos que escondem mal as verdades - ironicamente sincronizados.
Não me interpretes mal… ainda me apeteces. Simplesmente não ao ponto de brincar com o que sentes.
Apeteces-me.
E deixavas-me… por isso, eu bem podia.
Mas não consigo.