Bem vindo à zona por mim escolhida para escrever o que me vai na cabeça..

...ou que, na maior parte das vezes, finjo que vai, porque fica sempre bonito fingir que se sente, como o poeta.

PS


segunda-feira, 24 de maio de 2010

E por que não, também, imagens?

Cá vai a primeira de muitas ou poucas.

Fez-me rir.

As Almas Gémeas

Adoro quando duas pessoas se acham almas gémeas.
Adoro tanto.
“Amamo-nos loucamente e somos compatíveis a todos os níveis. Somos almas gémeas.”
Adoro, não só por acreditarem em almas gémeas, como por se considerarem as respectivas um do outro.
“Exacto, não é espectacular?”
É pois.
Mas mais espectacular ainda é o facto de, para além de serem almas gémeas (ou seja, feitos com o intuito de ficarem juntas) no meio de sete biliões de pessoas que andam a respirar o ar um dos outros pelo mundo inteiro, terem tido a infinita sorte de viverem a uma distância reduzida que lhes permitisse relacionarem-se e darem-se o suficiente ao ponto de se identificarem.
“As nossas personalidades reconheceram-se como complementares pouco depois de se terem cruzado! A mente humana tem coisas fantásticas!”
Então não tem? Tem coisas fantásticas, mesmo. Algumas delas a mais, até… diria eu.
Invejo-os tanto. E aposto que tal facto se deve por nunca ter encontrado a minha alma gémea.
A minha alma gémea, com a sorte que tenho, deve andar a passear num país que provavelmente desconheço, a falar uma língua cujo nome não consigo pronunciar, e nunca irei ser feliz por isso mesmo.
Sou tão infeliz.
O que me vale é a gentinha limitada que por aí anda, que sempre me vai entretendo, quanto mais não seja a achar que este universo foi feito a pensar nela e em todos os outros símios bípedes, toscamente evoluídos, que pedem muito ao seu criador (que por sua vez também é filho dele próprio, mas deixemos isso para outro texto) para os ajudar a encontrar a sua alma gémea.
E ele ajuda!
E eles encontram-se!
Lindo.
Adoro-vos.
Beijinhos e Cerebrum para todos vós, meus amores.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ri-te

Ri-te, triste.
Ri-te, feiona.
Ri-te dos outros para evitares chorar de ti própria.
Ri-te com essa vontade que não é tua, mas sim desse mundo fragilmente imaginário onde vives, onde és linda, onde és simpática, onde tens um príncipe encantado e onde ninguém vos compreende e todos vos invejam.
Ri-te, estúpida. Ri-te, que o teu riso alto afaga a pena que de ti têm.
Ri-te, que isso te adormenta, te embebeda, te tira a vontade de ser simpática.
Ser simpática seria uma boa forma de compensares esse teu aspecto, mas não.
Não.
Ela, não.
Ela é demasiado independente para ser simpática só porque sim.
Ela é demasiado segura.
Ela tem uma personalidade muito forte, não vai em simpatias casuais. Nunca.
“Independente, segura, forte.”
Posso, também eu, tentar uns adjectivos?
Feia e antipática. Isso mesmo.
Intolerável.
“Detesto-te, não tens piada nenhuma”
-Também te adoro.
“Deves pensar que sou dessas. Não vou em falinhas mansas.”
-Ok. Acrescento “mentecapta” à lista. Falinhas mansas? Tenta antes ironia, querida.
Olha bem para ti, vá.
Isso.
Agora olha para mim...
Pronto.
Percebes agora por que não haveria lógica em eu dar-te falinhas mansas?
“Não gostas, não comes”
-Pois não, nem que me pagassem. Podes apostar essa cara feia nisso.
“Estúpido!”
-Desculpa? Desta vez não te consegui ouvir… O teu ego estava a gritar tão alto….
Abanaste, não foi?
Pois foi.
Agora?
Agora chora, que rio eu.

domingo, 16 de maio de 2010

O Senhor Perfeito

O Senhor Perfeito é muito feliz.
O Senhor Perfeito vive em perfeito equilíbrio com a Natureza e com todos os meios que o rodeiam.
O Senhor Perfeito é perfeito.
O Senhor Perfeito nunca tem discussões sobre nada - tem somente trocas de ideias - porque compreende os pontos de vistas de toda a gente e sabe que os mesmos dependem de factores educacionais e culturais, ou de experiências vividas por cada indivíduo, e não do apetite intrínseco de contrariar os outros.
O Senhor Perfeito força-se a utilizar muitas palavras caras (para ele) como “intrínseco” nas suas trocas de ideias, não para criar a impressão de ser culto e possante de um vasto e completo vocabulário, mas sim porque assim o é, e não faz questão de esconder essas suas grandes qualidades “adquiridas” a ferros.
O Senhor Perfeito faz mais questão de mostrar as suas “qualidades” aquando das suas trocas de ideias do que de ouvir o que lhe têm a dizer, já que sobre assunto nenhum sabe alguém sabe mais que ele, e que o mesmo só ouve os restantes reles seres por uma questão de humildade e de preocupação (oh, que caridade) pelo conhecimento alheio fornecido, como não poderia deixar de ser, por si próprio.
O Senhor Perfeito faz questão de frisar a sua humildade dizendo periodicamente, em público, que não é perfeito, esperando sempre que alguém o contradiga, subindo o seu frágil e influenciável ego, mas não.
O Senhor Perfeito é um vasto conhecedor de todos os campos do conhecimento humano e sobre-humano, ou pelo menos tal afirma ser, subtilmente, com o intuito de assim mesmo ser visto.
O Senhor Perfeito não tem como objectivo ter uma vida de luxos, já que o Senhor Perfeito tem um carro que consome pouco (daqueles que se arrastam), e que se orgulha disso referindo-o em alto e bom som de cada vez que passa um automóvel topo de gama por ele - e se rói de inveja por dentro -, argumentando com preocupações ambientais e resistência à natureza consumista humana.
O Senhor Perfeito apoia psicologicamente e aplaude de pé causas que com caridade tenham a ver, mas não fornece um tostão para as mesmas, já que se encontra sempre ocupado a adquirir conhecimento ou a vomitá-lo para cima dos outros.
O Senhor Perfeito casa-se. Casa-se e ama muito a sua mulher, com a qual faz o amor uma ou mais vezes por semana, enquanto lhe diz ao ouvido, baixinho, que a ama muito.
A mulher do Senhor Perfeito, a Senhora Perfeita, também ama muito o Senhor Perfeito, e sabe que o Senhor Perfeito nunca a irá deixar porque é muito fiel e cumpridor de regras por ele impostas e assumidas como universais, encornando-o portanto a torto e a direito sempre que possível, já que o seu desejo sexual não se contenta com o amor uma ou mais vezes por semana, mas sim com sexo, tal como a expressão "desejo sexual" deixa indiciar.
O Senhor Perfeito sabe que tem um grande e pontiagudo par de cornos, mas age como se tal não soubesse, uma vez que tem plena noção de que o mesmo foi semeado e regado devido à natureza poligâmica humana à qual a sua mulher não escapa, e lembra-se muito de que a ela o ama mais que tudo, mesmo quando grita o nome do seu personal trainer (por sua vez pago pelo Senhor Perfeito, obviamente) enquanto se contorce.
O Senhor Perfeito acha que se mais senhores fossem como ele, o mundo seria melhor, e com certeza todos os personal trainers concordam com essa sua afirmação.
O Senhor Perfeito é mandado à merda com frequência por pessoas que não estão para o aturar, mas o Senhor Perfeito sabe que essas pessoas só o fazem porque não conseguem atingir o seu nível sublime de interpretação global.
Vai, Senhor Perfeito, vai.
Vai e reproduz-te, que o mundo precisa de mais seres como tu, já que mandar pessoas à merda sabe sempre bem, em especial quando elas continuam a achar-se espectacularmente humildes e intelectualmente superiores a todos depois disso.
Vai! Vai, Senhor Perfeito!
Vai à merda.

sábado, 15 de maio de 2010

O Coiso

Há um tema que há muito me ocupa aquela parte do cérebro que não serve para mais nada a não ser guardar a categoria de temas da qual faz parte o tema inicial por mim evocado mas não especificado.
É o tema do coiso.
Começo bem… com uma frase longa, confusa, sem pontuação, com a repetição (irritante) da palavra “tema” e, como se não bastasse, outra de seguida, que aparentemente não quer dizer absolutamente nada, mesmo a jeito de testar a vontade do leitor de ir ver televisão.
Largue o telecomando, por favor! Passo a explicar:
O “coiso” é, para mim, o fenómeno que se verifica quando é evidenciado o conceito que o público tem de um autor, seja ele prosador, poeta, dramaturgo, parvo, produtor de cinema ou teatro, e por aí adiante. Neste caso focar-me-ei mais afincadamente no exemplo dos escritores, já que são os que conheço menos mal.
Tomemos o hipotético Sr. Teobaldo como exemplo.
Imaginemos que o Sr. Teobaldo é um escritor conceituado, (dos que escrevem muito e bem(?), ganham prémios dos que se exige que sejam entregues por minissaias, decotes, telepontos e discursos interpolados por “sendo que’s”) daqueles que cometem dois livros de 200 páginas por semana, desafiando até mesmo a capacidade que o próprio Marcelo Aspira Livros Rebelo De Sousa tem para os ler sem ficar com algum em atraso.
Ora, geralmente, neste caso, o conceito de ”autor Teobaldo” é bem mais complexo do que o próprio Sr. Teobaldo em si.
Porquê?
Essa é fácil… sinceramente esperava mais do leitor.
Mesmo assim, justifico:
O conceito que o Sr. Teobaldo criou dá azo a novos Teobaldos - nas cabeças de quem lê os seus textos - devido a ideias que ele (Sr. Teobaldo) passa, por erros que comete, não deixando (o conceito) margem para que estes sejam reconhecidos como tal.
Este conceito é criado pela necessidade dos leitores de quererem ver mais nas páginas repentinas e apressadas que o Sr. Teobaldo “escreve” com tanta fúria e vontad€.
Quero com isto dizer que, quando lemos textos de algum Teobaldo, não pensamos "ora deixa cá ver clichés, ideias mal explicadas e faltas de vocabulário". E mais… se os virmos, achamos que foi de propósito, com o intuito de nos criar a sensação não sei o quê, sensação essa que provavelmente nem o próprio Sr. Teobaldo conhecia.
O certo é que, conhecendo-a ou não, lá enfia o Teozinho mais uns milhares ao bolso, à custa de quem quer ver para além do que existe.
Só os erros ortográficos nos saltam à vista, por terem carácter objectivo, e não terem interpretações possíveis, para além de "o gajo não sabe escrever isto..."
E é para isso mesmo que servem os correctores ortográficos automáticos: para evitar que erros objectivos e sem margens para múltiplas interpretações saiam a público de braço dado com os subjectivos, que enaltecem o seu autor, por excesso de fé de quem os lê. Fé em “autores ideais que escreveram isto desta forma para dar a sensação não sei quê” inexistentes.
Muitos milhões de euritos são certamente movidos diariamente devido ao coiso…
Eu, como “escritor” internacionalmente reconhecido por 2 ou 3 pessoas que têm coragem e paciência (e falta de tvcabo, quiçá) para ler o que escrevo, cá me fico pela minha linguagem característica, sem grandes liberdades de interpretação. Cada vez que lanço uma frase como a inicial deste texto, antevejo torceres de nariz e olhares circundantes a equacionar o esforço necessário para ligar a TV, ao invés de cérebros a funcionar à procura de significados inexistentes, mas gosto disso. Gosto que a minha escrita só tenha aquilo que lhe dou, ou que deixo ter, intencionalmente, para quem a lê.
Os meus textos têm objectividade, subjectividade intencional, e vontade de escrever, quando me apetece, sem pressões editoriais.
E talvez, também, algum coiso.
Mas pouco.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pensamento da semana

Para quê seres tu mesmo, se podes ser melhor?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Olha eu a topar-te

De longe, de perto, de qualquer lado.
Isso. Disfarça-te.
Disfarça-te daquilo que queres que pensem que és.
Vais escorregar nessa máscara, e eu vou estar lá para me rir para dentro, sem notares.
Insegura.
Fazes tudo por atenção, por desejo alheio por ti, por uma milésima do teu frágil ego, mesmo que isso custe metade do de quem deseja.
Abanaste-me, admito.
Abanaste-me durante breves instantes, até eu perceber que o fazias.
Claro. Agora abano-te eu.
Abano-te, faço-te escorregar sem caíres, para que não percas essa inocência alimentada pela falsa noção de que imperas nesse teu carnaval fútil.
Mas hás-de cair, quando eu me fartar de te ver escorregar.
Hás-de cair, e aí sim, já não estarei lá para te agarrar ou me rir sequer.
Aí já não me interessarei pela tua estabilidade, nem por divertimento mesmo, e já estarei longe.
Aí vais pensar duas vezes antes de voltares a desfilar.
Aí vais perceber que não preciso de disfarces para te abanar, mas sim para te manter estável.
Pobre e triste ser…